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De Volta sem Magalhães

teatro | M/14 | 01h15

O relato da extraordinária viagem e o destino trágico da figura de Fernão de Magalhães.

Em Cena

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sinopse

1522. O cavalheiro italiano António Pigafetta, cronista, cartógrafo e aventureiro, visita a corte do rei Dom João III de Portugal, com licença do Imperador Carlos I de Espanha e V de Alemanha, para dar testemunha da primeira circum-navegação do globo terrestre. Pigafetta, como um dos dezoito homens que conseguiram retornar a Europa, visa também defender, perante os seus conterrâneos, a controvertida figura de Dom Fernão de Magalhães. Faz-se acompanhar por dois marujos, também sobreviventes da viagem, o português Francisco Rodríguez e o galego Vasco Gómes. Embora os seus pontos de vista sobre a gesta heroica nem sempre coincidam, os três fazem questão de relatar ao rei de Portugal a extraordinária viagem e esclarecer o destino trágico do homem que a fez possível.

ficha artística

  • TEXTO E ENCENAÇÃO: Carlos Santiago
  • INTERPRETAÇÃO: Isabel Legoinha, Márcia Leite e Roger Bento
  • APOIO À ENCENAÇÃO: Laís Salles
  • FIGURINOS: Daniela Fernandes
  • CENOGRAFIA: José Luís Loureiro
  • ADEREÇOS: José Luís Loureiro e Pedro Araújo
  • DESENHO DE LUZ: Paulo Matos
  • DESIGN E MATERIAL GRÁFICO: Pedro Araújo
  • PRODUÇÃO: Teatro Onomatopeia, Zunzum - Associação Cultural / 2020

Entre o ano 2019 e o ano 2022, irão-se completar os 500 anos da primeira volta ao mundo, acontecimento que marcou como nenhum outro o início da globalização e do sistema-mundo. Foi essa viagem que desvendou as sombras do planeta, como se deixa ver no primeiro mapamundi desenhado pelo português Diogo Ribeiro, a partir das informações cartográficas que a expedição trouxe consigo, e no qual se reconhece pela primeira vez a verdadeira face do globo.

A evidência de vivermos numa esfera, coberta na maioria da sua superfície pelo mar, veio aliar-se com a revolução copernicana, que situou a dita esfera em órbita perpétua à volta do sol. Um novo mundo apareceu diante dos olhos da humanidade, graças ao empenho duma pequena e excêntrica nação atlântica, Portugal.

A figura de Fernão de Magalhães ocupa o lugar central nessa aventura desmedida. Foi ele, na esteira visionária do Infante D. Henrique, o Navegador, quem a sonhou e quem a fez possível, e no cúmulo da tragédia, quem deu a vida por ela sem logra-la. Magalhães não chegou a completar a volta ao mundo, como Moisés não chegou a pisar a terra prometida. Tornou-se, por isso, um fantasma, uma lenda em que a realidade e a fantasia lutam sem escrúpulo por terem a última palavra sobre o homem. Considerado traidor pelos portugueses por ter-se aliado com os espanhóis, e desprezado pelos espanhóis por ser português, o lugar que acabou por ocupar na história é só devido à sua determinação e à sua infeliz fortuna.

Foi esse caráter ambivalente da personagem, as suas luzes e as suas sombras, que nos motivou a propor a nós próprios o desafio de contar a sua gesta heróica com os precários mas resolutivos recursos do teatro. Como todo mito, nacional e universal no caso, o nome de Magalhães faz parte da nossa cultura geral sem realmente sabermos a real dimensão do seu sonho e da sua aventura. Foi por isso que procuramos a fonte mais próxima daquela viagem para inspirar o nosso projeto, a “Relazione del Primo Viaggio Intorno Al Mondo”, crónica do feito escrita pelo italiano António de Pigafetta, literato, cartógrafo e aventureiro, que fez parte da tripulação, e foi um dos seus dezoito sobreviventes.

A “Relazione” é um relato puramente renascentista, onde a paixão científica mantém um demorado idílio com a paixão literária. Animais fantásticos mas reais, mortes, pendências e conjuras, e até pormenores sexuais tão exóticos quanto improváveis, fazem dela uma história digna de ser contada no palco e partilhada com o público.




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